sexta-feira, 18 de junho de 2010

Diferenças entre os programas de 91 e de 2009



1. Destaque diferenças na forma como estão estruturados os programas de 91 e de 2009. Comente as diferenças que encontrou, mostrando consequências didácticas relevantes, se for o caso.



Sendo a nossa escola uma 1,2,3 em que os professores de Língua Portuguesa trabalham em articulação desde sempre, entendemos, e após confirmação respectiva do formador, ser produtivo continuarmos nesta linha de actuação também nas reflexões levadas a cabo no âmbito desta acção.

Sobre esta questão já tão bem esmiuçada pelos colegas, referiremos que em 2009 os domínios dão lugar a competências, os processos de operacionalização aos descritores de desempenho, o Funcionamento da língua ao Conhecimento Explícito e a Língua Portuguesa ao Português. Dezoito anos depois, preconiza-se a valorização do conhecimento explícito, do estudo da gramática normativa e dos modelos de escrita, a correcção formativa do erro, bem como a revalorização da leitura de textos literários e a reabilitação da memória como pilar fundamental da leitura e do conhecimento. Privilegia-se o método experimental em detrimento do método tradicional/expositivo, a supremacia dos programas na elaboração das anualizações, a autonomia do professor/gestor das suas próprias programações e co-responsabilizam-se todos os professores, sem excepção, na “docência” do idioma.

Saliente-se, ainda, outras importantes alterações como a articulação entre os diferentes ciclos de estudo tão pertinente quer em escolas agrupadas, quer nas 1, 2, 3 como aquela em que leccionamos, o que permite uma visão global do caminho percorrido na aprendizagem do 1.º ao 3.º ciclos (não figura o pré-escolar); o contributo das Tecnologias de Informação e Comunicação através do recurso a novas ferramentas e plataformas, no âmbito da aprendizagem da língua, adequando a prática de ensino/aprendizagem do Português à realidade do nosso quotidiano e a importância concedida à Biblioteca escolar.

Tendo em vista a implementação de um programa assim ambicioso, já no próximo ano lectivo, deverão ser criadas atempadamente as condições para que esta filosofia se concretize, o que passa por atribuir uma carga horária mais alargada à disciplina, onde sejam contempladas semanalmente as Oficinas de escrita, de leitura, de gramática e de expressão oral e não apenas esperar pela boa vontade e criatividade do professor, ao qual muito trabalho (lectivo e extra-lectivo) se pede, incluindo horas de reuniões, não restando muitas vezes o tempo desejável para as suas leituras e formação que se impõem no exercício da sua actividade.




2 . Repare nas designações dos domínios do programa de 91 e compare-as com as competências específicas do programa de 2009. Estas diferenças resultam de concepções diferentes e têm também implicações no trabalho da disciplina de Português.



Se em 91, o programa estava organizado nos domínios do ouvir/falar, ler e escrever, atribuindo-se um maior peso aos conteúdos nucleares e tendo o Funcionamento da Língua uma dimensão transversal, o presente programa permite ao professor uma maior autonomia na gestão dos programas, tendo em conta a realidade concreta das turmas e dos alunos de Português. Neste âmbito, surge o professor orientador, agente de mudança e concretizador do currículo, a cargo do qual estará a elaboração dos planos trimestrais, das sequências de actividades e os planos de aula

A definição das cinco competências previstas agora, a saber compreensão do oral, expressão oral, leitura, expressão escrita e conhecimento explícito, aparece em 2001, no Currículo Nacional do Ensino Básico de Língua Portuguesa, o qual já apontava para metas a atingir, tais como a compreensão de discursos, as interacções verbais, a leitura como actividade corrente e crítica, a escrita correcta, multifuncional e tipologicamente diferenciada entre outras, no final de cada ciclo de escolaridade para cada uma destas competências, assegurando a continuidade do processo ao longo dos três ciclos do Básico.

Podemos verificar que o novo programa não faz tábua rasa do anterior. A designação de competência parece complementar a de domínio, pois o aluno não só terá de conhecer como ter capacidades para pôr em prática conhecimentos, segundo o “slogan” aprende-se fazendo. A este respeito, sublinhe-se a importância em actividades inerentes a esta disciplina da transversalidade das TIC, das oficinas de escrita, da biblioteca escolar e dos laboratórios de língua.




3. Concretização do enunciado programático.
Veja os percursos pedagógicos do programa de 91. Parece-lhe que contemplam todas as possibilidades do programa de 2009? Justifique, especifique (e outros verbos do género).


Atendendo ao facto de nos encontrarmos perante alterações programáticas necessárias, porquanto exigentes, não será tarefa fácil, ao docente de Português, adequar o novo programa às competências linguísticas reais dos nossos alunos, tendo em conta a carga horária vigente, a falta de recursos no âmbito das TIC e, em alguns casos, a falta de trabalho cooperativo entre docentes.

No que à oralidade diz respeito, verificam-se algumas alterações importantes. O destaque vai para Saber ouvir/Escutar, sublinhando-se a necessidade de prestar atenção ao que se ouve, no intuito de aprender e de construir conhecimento. Quanto às competências da escrita e da leitura, este programa visa a utilização das TIC como recurso privilegiado de aprendizagem transversal e a abordagem de obras do PNL no tocante à promoção da leitura.

No domínio do Funcionamento da Língua, em 2009, constata-se a alteração terminológica que se traduz em fazer evoluir o conhecimento implícito da língua para um estádio de conhecimento explícito. Prevê-se, assim, que os conteúdos do CE sejam a base para um melhor desempenho, nas outras competências, por parte do aluno sob a orientação do professor/gestor e principal responsável de estratégias de aprendizagem motivadoras e diferenciadas para cada grupo turma.

A «interacção» que nos é proposta pode levar a que a distância entre as competências reais dos nossos alunos e os resultados esperados seja ainda maior e, por outro lado, que aumente ainda mais a diferença entre os alunos de estratos sociais diferentes.